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Expansão internacional do Judô e do Jiu-Jitsu
Expansão internacional do Judô e do Jiu-Jitsu

Expansão internacional do Judô e do Jiu-Jitsu

 

Treinamento de luta na Kodokan em 1900

Treinamento de luta na Kodokan em 1900

Desde 1889, quando Kano realizou palestras na América e na Europa, a Kodokan iniciou um movimento de expansão internacional do Judô. Esta expansão visava atingir um dos principais objetivos de Jigoro, que vivera na infância e adolescência em uma sociedade japonesa que desprezava elementos de sua própria cultura e que evoluía enormemente através da cultura ocidental. Kano sentia que o Japão tinha algo digno a oferecer ao mundo e que poderia exportar bons valores através do Judô.

Isso viria de acordo com o segundo dos princípios fundamentais do Judô, criados por Kano. O primeiro é o da “Máxima eficiência no uso da energia” (Seiryoku Zen’Yo) que diz que devemos empregar nossa energia mental e física da maneira mais eficiente em todas as situações.

O segundo é o da “Prosperidade e Benefícios Mútuos” (Jita Kyoei) que afirma a importância da solidariedade e colaboração mútua para a prosperidade individual e coletiva. Ele percebeu que havia no passado uma grande preocupação dos lutadores em adquirir força física e mental, mas o que efetivamente fazer com essa força não era motivo de atenção. Kano acreditava que essa força deveria ser usada para o bem da sociedade, e por tanto, o progresso do indivíduo deveria ligar-se ao auxílio do próximo para maximizar os benefícios para todos. Este importante conceito não deveria ser somente empregado nos treinamentos de Judô, mas também poderia ser aplicado de maneira macro em sociedades e nações, e por tanto, era fundamental que o Japão contribuísse da sua maneira para o progresso mundial.

Na virada e nas primeiras décadas do século XX, Kano enviou sistematicamente discípulos para diversas partes do mundo para apresentarem e divulgarem o Judô.

Como o termo Judô Kodokan não era muito conhecido fora do Japão, e mesmo no japão ainda pouco usado antes de 1925, a maioria destes professores e lutadores utilizavam ainda o termo Jiu-Jitsu para descrever sua arte, como provam diversos artigos da imprensa daquele período. Entre esses homens em missão para divulgar a arte estava Conde Koma.

Conde Koma

 

Mitsuyo Maeda

Mitsuyo Maeda

Mitsuyo Maeda (前田光世 , apelidado de “Conde Koma”), nasceu em 18 de Novembro de 1878 na vila de Funazawa, cidade de Hirosaki, Japão, e faleceu em 28 de Novembro de 1941 em Belém do Pará, Brasil.

Praticou sumô quando criança, arte que lhe fora ensinada pelo pai, e que teve que abandonar durante a adolescência em função de seu inadequado porte físico para a modalidade.

Impressionado pelas vitórias da nova arte de Kano sobre o antigo Jiu-Jitsu, decidiu trocar o sumô pelo Judô.

Iniciou no Kodokan em 1894, com 18 anos. Quando apareceu no ginásio, com 1,64m e 64kg foi primeiramente confundido com o garoto de entregas em função de sua aparência, tamanho e comportamento. Posteriormente foi encaminhado por Kano para ser instruído por Tsunejiro Tomita, (um dos menores, no entanto mais respeitados e técnicos alunos de Jigoro) com o intuito de demonstrar que tamanho não era o atributo mais importante em uma luta.

Tomita foi o primeiro aluno da Kodokan e era amigo pessoal de Kano, recebendo diretamente a maior parte de seus conhecimentos. Embora fosse um dos mais fracos da Kodokan era capaz de derrotar Hansuke Nakamura, um dos melhores campeões de Jiu-Jitsu daquele tempo, mestre no estilo Tenjin-Shinyo-Ryu.

Outro dos professores de Maeda foi o homem que foi considerado o lutador fisicamente mais poderoso da Kodokan, Sakujiro Yokoyama. Por essa razão, ele conseguiu compreender bem os pesos tanto do elemento técnico quanto do elemento físico em combate.

Maeda teve uma evolução muito rápida na Kodokan, vencendo com pouco tempo de pratica torneios internos, inclusive contra alunos mais graduados sendo elogiado por Kano em uma frase célebre:

“Este é o mais forte Yudan (faixa preta) que já existiu”

Recebeu o terceiro grau da faixa-preta em 1901 tornando-se instrutor de Judô nas universidades de Tóquio, Waseda, Gakushuin e também na escola militar. Lembrando que nessa época as faixas pretas eram mais rápidas de se conseguir porque eram consideradas o primeiro estágio na graduação, e os demais graus (Dan) os seguintes.

Kano foi o primeiro a utilizar o sistema de faixas nas artes marciais, no método antigo as classificações utilizavam o complicado sistema de Menkyo para licenciar os estudantes à níveis técnicos e habilidades específicas.

Como Koma iniciou na Kodokan exatamente na época em que os confrontos contra a escola de Tanabe e as pesquisas sobre luta de solo estavam em alta, é natural que fosse bem familiarizado e valorizasse esse importante aspecto do combate.

 

Conde Koma treinando sem kimono

Conde Koma treinando sem kimono

Em 1904, Jigoro Kano encaminhou Maeda, juntamente com mais dois companheiros (seu professor Tomita e seu parceiro de treinos Soishiro Satake) aos Estados Unidos para divulgar o Jiu-Jitsu/Judô, dando continuidade ao trabalho iniciado por Yoshiaki Yamashita.

Yamashita fora aos EUA no ano anterior (1903), tendo inclusive ensinado o presidente Theodoro Roosevelt.

Chegando aos EUA os três companheiros participaram de uma série de apresentações, vencendo homens grandes e lutadores de outras artes marciais em lutas de exibição, incluindo em universidades.

No entanto durante uma demonstração em West Point houve um problema. Tomita e Maeda iniciaram apresentando um Kata, onde não havia pratica real de luta, mas apenas demonstrações de movimentos. Os americanos não compreenderam observaram tudo com desconfiança. Maeda foi então desafiado por um estudante. Inicialmente sentiu alguma dificuldade, pois além de ter um oponente forte, não estava muito acostumado com lutas sem kimono, no estilo luta-livre olímpica (wrestling), mas logo conseguiu criar uma situação familiar ao Judô, derrubando-o e finalizando-o.

A situação se agravou quando os americanos desejaram ver Tomita em ação, pois, sendo ele mais graduado que Maeda, era natural que fosse melhor lutador. Porém, tomita já era idoso e mais de 40 anos haviam se passado desde o seu auge. Satake e Maeda o desaconselharam a lutar, mas Tomita foi insistente:

Idiotas, acham que serei vencido por esse homem? Porque se preocupam?

O oponente escolhido era um cadete, que Tomita venceu sem problemas. No entanto em uma segunda luta escolheram um soldado gigante, jogador de futebol americano chamado Tipton.

A luta começou e ao falhar em uma segunda tentativa de quedar o gigante em um tomoe-nague (balão) Tomita ficou embaixo do grandalhão, que através de seu grande peso e força o segurou, impedindo que se levantasse ou se mexesse. Infelizmente o incidente foi visto como derrota. Pra piorar, haviam imigrantes japoneses na platéia que se sentiram desmoralizados com o ocorrido.

Maeda, que possuía uma natureza orgulhosa, afirmou que lavaria a honra dos japoneses e que mostraria a todos o potencial de sua arte. Em função deste incidente, os dois em poucos meses se separaram. Tomita seguiu pela costa Oeste e Maeda ficou em Nova Iorque para lecionar.

Nesse período, para provar a supremacia de sua arte, Maeda aceitava desafio de outras modalidades de luta, como o boxe e a luta livre. Nos combates praticamente não havia regras. Sua primeira luta foi contra um wrestler 20 centímetros maior que era conhecido por “Menino Açougueiro”. Maeda o derrubou várias vezes e finalizou em uma chave de braço. Lutou mais algumas vezes, vencendo todos os oponentes, incluindo o campeão mundial dos pesos pesados de boxe, Jack Johnson.

Maeda fazia algum dinheiro com as lutas, e conheceu nesta época um empresário de nome H. Martins, que colocou anúncios no New York Times para procurar adversários e fazer publicidade, visando enriquecê-los. O anúncio dizia:

“Pocura-se adversários para Maeda, vinte dólares para quem vencê-lo.”

No entanto, três anos mais tarde, em 1907, Maeda não estava mais muito contente nos EUA, e tinha dificuldades, porque os alunos americanos não se adaptavam ao sistema japonês de ensino, decidindo então migrar para o Reino Unido, onde venceu mais 13 lutas. Em seguida rumou para a Bélgica, vencendo mais um adversário, e então para cuba onde venceu mais 15 oponentes, além de mais 4 no México.

Relatos da época descrevem o estilo de Maeda como um lutador que mantinha a distância através de chutes baixos até finalmente derrubar seus oponentes, finalizando a luta através de chaves e estrangulamentos.

Em 1809, na Espanha, ele ganhou seu apelido “Conde Koma”. A razão de utilizar este nome foi para poder desafiar outro lutador japonês de Judô e lutar sem ser reconhecido, por meio de uma máscara. Em japonês o verbo “Komaru” significa se encontrar em situação delicada.

Depois de sucessivas viagens ao redor do globo, em 14 de novembro 1914, Conde Koma chegou ao Brasil pela primeira vez, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.